Posted by : Cramer terça-feira, 22 de abril de 2014

            
            As relações entre Brasil e África, foram não somente reflexos dos interesses políticos e econômicos dos governos brasileiros, mas também das conjunturas internas e externas ora favoráveis a aproximações, ora desfavoráveis e até mesmo incômodas dependendo da linha política adotada.

            Iniciaram-se no período de colonização do Brasil – destacando-se que sendo também uma colônia limitou-se economicamente a questão do tráfico negreiro e mesmo posterior à independência foi muito mais significativa nos aspectos culturais e de formação da nossa identidade -  ressaltando os períodos de descolonização da África que se intensificaram  na década de 50/60, passando pela década de 70 que foi o período em que se iniciaram aproximações mais concretas, as quais estagnaram-se  na década de 80/90 e retomada nos primeiros anos da década de 2000

            Exemplo de que fatores tanto internos quanto externos é que direcionaram essas relações, foi o posicionamento no início do processo de independência das colônias africanas, intensificado na década de 50, onde o Brasil se posicionou pró colonialismo, em virtude dos vínculos econômicos estabelecidos através das políticas adotadas pelo governo no contexto do desenvolvimentismo. Tal postura comprometeu por algum tempo, a representação do Brasil nas recém nascidas repúblicas com destaque para Moçambique, que através da FRELIMO demonstrou ressentimentos e dificultou relativamente a mediação do Brasil em outros processos de independência já na década de 70.

            Na década de 80, para o Brasil conhecida como “década perdida”, o país estava se reestruturando política e economicamente em virtude das questões que envolviam o fim do regime militar, o início da redemocratização e a relevante herança recebida em forma de hiperinflação. Creio que as prioridades estavam voltadas para questões internas, não justificando, mas compreendendo o “afastamento” das relações com a África.

            Talvez o desconhecimento sobre as possibilidades oferecidas pelo continente africano e até mesmo o preconceito de governos que se construíram sob influência das elites brasileiras e que seguiam a risca os modelos ocidentais de civilização, como os governos da década de 1990, também alinhados ao neoliberalismo, os fizeram negligenciar essas relações, subestimando o potencial daquele continente ao usar critérios seletivos de aproximação e por isso, retardaram possibilidades de parcerias e cooperações técnico-cientíticas e  que hoje se constituem como pilar das relações Brasil-África.

            O importante é que não chegaram a comprometer totalmente  essas relações, pois sempre existiu entre ambos, uma identificação primeiro cultural e física e depois econômica, já que o Brasil assim como África, foi colônia de países ocidentais imperialistas, e apesar das peculiaridades de cada sistema colonial, sofreram as mesmas intervenções no curso natural de suas identidades e de suas construções político-econômicas, como o  imperialismo predatório e o neoliberalismo invasivo logo após o período da Guerra Fria este último que  tendeu a dividir o mundo em zonas de influências entre socialistas e capitalistas o que pode ser atestado tanto em relação às  organizações africanas  anticoloniais como nas ditaduras brasileiras.

            Nos anos 2000, na era “Lula”, há uma espécie de retomada dos interesses daqueles intelectuais da década de 50, os quais se pautavam na identificação histórico-cultural com os países africanos, reivindicando maior aproximação visando além dos aspectos econômicos, parcerias significativas para ambos os lados. Além de reabilitar as relações entre o Brasil e África, fortaleceu os vínculos, ao passo que vai muito além de questões meramente econômicas.

            Hoje, África se mostra um celeiro de oportunidades para o Brasil. A conjuntura tanto interna quanto externa do favorece essa aproximação, ao passo que estando o país  em franco desenvolvimento,  com a estabilidade econômica alcançada nos últimos dez anos, se insere no contexto internacional como uma das maiores economias do mundo, apta a investimentos exteriores e com capacidade de intercâmbio comercial com um continente que apesar das dificuldades, tem demonstrado sua capacidade de desenvolvimento com grandes perspectivas para um futuro próximo.

 
                                                       

Márcia Fernandes da Cunha Ferreira

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